Se gostam de fazer caminhadas na serra e estão na zona do Porto/Aveiro por alguns dias reservem um dia para visitarem Drave na serra de Arouca.
O que dizer sobre uma aldeia onde não se chega de carro, onde não há electricidade, água canalizada, gás, telefone, saneamento ou qualquer outro tipo de modernidade? Não há lojas e o dinheiro é inútil neste paraíso escondido na montanha. Desde o ano 2000 que não tem habitantes.
As suas casas são feitas de pedra lousinha com telhados de xisto.
A aldeia está desabitada mas está longe de estar abandonada. Desde 1995 que os escuteiros tem vindo a reabilitar algumas casa e os espaços em seu redor. Fizeram de Drave uma das suas bases nacionais.
Drave fica a cerca de 100km do Porto e a viagem deverá demorar cerca de 2 horas até ao ponto mais próximo da aldeia. Mapa aqui.
Visitei pela primeira vez a “aldeia mágica” em 1998 quando fazia parte de um grupo de escuteiros e havia um único casal que por lá vivia. Lembro-me de conhecer um padre que fazia o percurso desde Regoufe à aldeia com alguma frequência. Desde então tenho visitado Drave a cada oportunidade que tenho.
Como chegar a Drave?
Caminhada:
Os caminhos pela serra estão bastante bem sinalizados e devem ser considerados de dificuldade moderada. Proponho-vos que façam o PR14 ou o PR13+PR14.
PR13+PR14 – A pé desde Covêlo de Paivô : Covêlo de Paivô-Regoufe-Drave-Regoufe-Covêlo de Paivô (17km Ida e Volta – 7 Horas).
PR14 – A pé desde Regoufe: Regoufe-Drave-Regoufe (8km Ida e Volta – 3 horas)
Recomendo que considerem passar uma noite em Drave se quiserem fazer os dois PRs
De carro:
Há um ponto onde é possível estacionar o carro a cerca de 1,5 km de Drave. Durante o inverno não aconselho de todo que conduzam até lá. Já lá fiquei “enterrado” e tive que chamar os bombeiros. É necessário levar o carro por um estradão de terra com bastantes buracos. Mas é o ponto mais perto. O acesso faz-se pelo portal do inferno. Vejam aqui o mapa.
Onde dormir?
A única opção em Drave para passar a noite é acampar. Há imenso sítios onde fazê-lo. Durante o fim de semana o mais provável é lá estarem escuteiros acampados pelo que lhes deverá perguntar pelo sitio mais adequado para montar a sua tenda.
É imperativo num sitio como estes que se deixe tudo um pouco melhor do que se encontrou pelo que se devem fazer acompanhar de sacos para carregarem o lixo de lá para fora.
Há uma casa de banho que pode ser usada(se a conseguirem encontrar:)
Dicas:
- Se vierem por Regoufe visitem as minas de Volfrâmio.
- Leve roupa bem quente se for lá passar noite pois faz muito frio.
- Levem fatos de banho. Drave tem algumas lagoas fantásticas pelo que se houver coragem devem entrar nas suas águas frias. Sigam o percurso do rio umas centenas de metros para encontrarem algumas destas lagoas.
- Muito cuidado para não se magoarem por lá. Como não há acesso de carro à aldeia este deve ser um dos piores sítios para partirem uma perna ou se lesionarem de modo a precisarem de assistência.
- Têm que levar comida/água de casa pois não há nada à venda na aldeia. O ponto mais próximo onde se poderá comprar alguma coisa é em Regoufe mas se está em Drave, ir a Regoufe e voltar representa uma caminhada de 3 horas e 8 km.
- Não se esqueçam de levar lanternas e isqueiro ou fósforos para fazer uma fogueira durante a noite.
Mais fotos de Drave e Portugal aqui.
Renato
Acha pertinente levar crianças nesta aventura? Acho que os meus filhos iam adorar…estou tentada a fazer o percurso mais curto por causa deles….é seguro deixar o carro de noite, na estrada do portal do inferno, no caso de querermos ficar a pernoitar/acampar em Drave? Obrigada
Olá Cátia.
Acho que não deve ter problema em levar crianças até Drave. A descida a pé faz-se bem e desde que não esteja a falar de crianças de colo não acredito que haja problema
Nunca ouvi falar de problemas com carros estacionados durante a noite no ponto mais próximo.
Se forem durante o verão o mais provável é que lá estejam mais carros. Não se esqueça de levar roupas quentes e água e comida em abundância pois depois de lá estar não vai querer que lhe falte nada.
Se decidirem lá ir, diga-me como foi depois.
Boas viagens.
Renato