Esta foi a nossa primeira paragem numa cidade grande no Myanmar. Tínhamos passado a noite anterior em Myawaddy, depois de uma longa viagem desde Chiang Mai na Tailândia para atravessar a fronteira, mas pouco tempo tivemos para a visitar decentemente. Deu no entanto para perceber que estávamos num país completamente diferente do que tínhamos visitado nesta viagem até aqui. As mulheres andam com as caras pintadas, o homens usam longyis (um tipo de lençol que enrolam na cinta e se parece com uma saia) e as ruas estão muito mais sujas que qualquer outro sítio no sudeste asiático.
Mawlamyine é localizada junto do rio Thanlwin e foi na marginal que encontramos o nosso quarto.Tinhamos ouvido falar de um tal de Mr Antony que era dono da Breeze guest house naquela zona e não demoramos muito a encontra-la. O Sr, já com uma idade muito avançada era de facto muito simpático e tinha imensas sugestões para visitar a cidade e acabamos por lá ficar por três noites.
Dormimos num dor quartos mais pequenos do mundo, com a cama mais dura. A nossa “janela”(um buraco com uma rede) estava voltada para a recepção e podiamos ouvir as conversas pela noite dentro e pela manhã eramos acordados peo barulho na rua. As casas de banho são horriveis e acho que foi o charme do Sr Antony que nos fez ficar tanto tempo.
Quando decidimos partir e explorar de mota, percebemos que estávamos realmente num sítio com uma mistura de culturas impressionante. Na mesma rua podíamos encontrar mesquitas, igrejas, templos hindus e stupas budistas. Deu-me a entender que deveriam ser extremamente tolerantes uns com os outros. Os cheiros nas ruas são intensos e as pessoas são quase como que uma mistura de indianos com o típico asiático.
Entre os templos que visitamos esteve o Kyike Thanlan pagoda, que é um marco da cidade e oferece boas vistas gerais panorâmicas sobre toda a região. Fomos visita-lo ao pôr do sol.
Enquanto procurávamos por um sítio para estacionar a mota o mais próximo possível do pagoda um monge ofereceu-se para a guardar dentro do seu mosteiro e assim o fiz. Quando voltamos, outro jovem monge veio meter conversa connosco e disse que gostava de falar com estrangeiros para praticar o inglês. Ficamos à conversa com ele uns 15 minutos e quando apareceu outro miudo, amigo dele, com a roupa coberta de tinta eu perguntei-lhe “então? que te aconteceu?” ele não falava inglês mas o monge não perdeu tempo a gozar com ele. Virou-se para mim e disse: “Não ligues, é muçulmano”. Eu disse-lhe”olha que isso não é muito religioso da tua parte” mas ele continuou a dizer que não gostava muito de muçulmanos, não daquele em particular que até era amigo dele e só estava a gozar com ele mas que em geral só traziam problemas.. “Muito bem” pensei, “Lá se foi a tolerância”.
Mawlamyine não é o sítio mais bonito do mundo. Longe disso. No entanto as pessoas são genuinamente hospitaleiras. Não esperam nada em retorno da ajuda que oferecem. Foi um excelente sítio para começar a explorar esse país maravilhoso que é o Mianmar.
Há pelo menos dois sítios que gostaríamos de recomendar quando se está em Mawlamyine.
O Win Sein Taw Ya, o maior Buddha reclinado do mundo e a Ogre island, que fica a cerca de uma hora de distância de barco e vale a pena visitar por um dia.
Renato