Queríamos que fosse um dia especial, longe dos restantes turistas. Li tanto sobre Inle Lake. Que é lindo, fantástico, interessante mas… muito turístico. Queria tanto vê-lo de maneira diferente. Algures na Internet encontrei o contacto de um local que aluga barcos e que leva as pessoas a locais menos conhecidos, fala inglês e contas umas histórias interessantes. Por fim conseguimos encontrar apenas o seu amigo. Ele era simpático mas acabou por não nos mostrar nada de muito especial.
Saímos bem cedo pelas 6 da manhã. Chegamos ao cais já o dia se tinha posto por completo. Fiquei um pouco triste por termos perdido o nascer-do-sol e por consequência a melhor luz para fazer fotos. Desde o início que percebemos que o diálogo seria complicado com o nosso “capitão” pois ele apenas sabia meia dúzia de frases relacionadas sobretudo com o barco e com o pagamento. Ainda por cima, era o dia do Phaung Daw Oo Pagoda que reúne multidões de pessoas todos os anos. Quase todos eles locais pelo que não houve problema. A minha visão não turística e tranquila da visita ao lago estava desfeita.
Com o festival a acontecer, a primeira paragem que fizemos foi no meio de um mar de gente que aguardava o desfile dos barcos. Quatro figuras de Buddha são transportadas do Pagoda principal para aldeias vizinhas em barcos dourados muito bonitos que faziam lembrar patos. As quatro imagens passam depois a noite no principal mosteiro de cada uma das aldeias e portanto o festival dura alguns dias. Os homens das aldeias em redor do lago remam nos barcos longos e muito bem decorados . São cerca de 20 homens em linha e remam com os seu pés em uníssono. É uma visão única. Inle Lake é, aparentemente o único sítio no mundo onde esta técnica de remar menos ortodoxa é utilizada. É mesmo muito peculiar, para não dizer estranha.
Ficamos cerca de uma hora parados a ver os barcos passar. Por fim, decidimos sair e irmos para a parte sul do lago. A paisagem ao longo do caminho foi incrível. Muitas casas construídas no topo de estacas muito altas com tons coloridos. Tudo um pouco primitivo até. A única maneira de se chegar à maioria destas casas é mesmo só de barco. É uma maneira de viver completamente diferente e que nos fez lembrar a nossa visita à aldeia flutuante no Camboja uns meses antes.
Paramos em Indein para visitar o templo que fica bem no seu topo. O Pagoda é rodeado por Stupas (estruturas arredondadas em forma de cone que contém restos mortais de monges budistas) do século XI. A maioria nunca foi reconstruída pelo que não se encontram nas melhores condições. Tirando um grupo de miúdos que brincavam com pistolas de plástico e que que quase imediatamente começaram a pedir-nos por dinheiro, estávamos completamente sós. Ali estivemos tranquilamente e com muito calor rodeados pelos Stupas dourados e brancos e pelas imagens de Buddha. Quando voltamos ao nosso barco o nosso capitão dormia relaxado ao sol enquanto esperava por nós.
De seguida fomos ao templo principal Phaung Daw Oo (também conhecido como Hpaung Daw Oo or Phaung Daw Oo). Foi dali que partiram as quatro imagens de Buddha e onde apenas uma permaneceu. No centro do templo, debaixo de um telhado dourado e rodeado de um grupo de pessoas lá estava a escultura cujas formas eram quase imperceptíveis. Todos os anos, os fiéis cobrem-na com camadas de ouro, um ritual que tivemos a sorte de assistir a acontecer mesmo à nossa frente.Dentro do templo o ambiente era quase solene mas na parte de fora parecia uma feira. Dezenas de barraquinhas a vender comida, souvenirs, roupas baratas e acessórios para telemóveis. Saímos com alguma rapidez.
Por esta altura percebemos que o capitão não tinha intenções de nos mostrar locais mais remotos do lago pelo que praticamente desisti de tentar comunicar com ele e fomos até ao famoso Nga Phe Kyaun, um mosteiro conhecido como o mosteiro dos gatos saltitões… O mosteiro é conhecido porque os gatos saltam entre uns arcos pequenos que lá existem. Haviam de facto lá alguns gatos mas estavam muito preguiçosos e mal se mexiam.
De regresso ao ponto de partida paramos numa loja pequena com produtos artesanais. Era nesta zona que as famosas mulheres Karen uma das minorias étnicas do país viviam. Elas são conhecidas devido aos anéis que usam em torno do pescoço e que faz que que este pareça mais comprido que o normal. Estávamos um pouco reticentes pois achamos que íamos ver mais um circo montado para turista ver. Quando estávamos na Tailândia decidimos evitar esta atracção estranha mas por fim, foi tudo muito normal. Era um sítio calmo e estavam apenas 3 mulheres, com os anéis dourados nos pescoços, sentadas no chão enquanto teciam uma espécie de mantas. Passeamos um pouco pelo workshop e encontramos um templo pequeno. Conseguimos ouvir um jogo de ping-pong a acontecer e quando vimos os miúdos que se divertiam, o Renato perguntou que podia jogar um pouco com eles. Jogavam numa mesa e rede improvisadas. O Renato foi derrotado categoricamente.
Acabamos a nossa visita com um almoço num restaurante pequeno. O capitão não tinha outros sítios e para dizer a verdade nós também estávamos cansados. Concordamos que nos iríamos encontrar no dia seguinte para uma viagem mais pequena para ver o pôr-do-sol.
Magda
Mais fotos do Myanmar aqui.
Can you share with me the contact of the local guy? I also want to hire a boat and dont go to the place not so popular. Thank you
Hi, Thanks for your message. Unfortunately, we don’t have his contact anymore 🙁