Há muito tempo que sonhava com o Saigão. Esta cidade já fazia parte do meu imaginário de viagem ha alguns anos e estava finalmente no seu encalço.
Assim que passamos a fronteira para o Vietname entramos num autocarro com dois andares de camas onde era quase impossível ir sentado. A opção era deitado a dormir ou deitado acordado.
Chegamos a Ho Chi Minh depois de uma longa viagem que teve início 10 horas antes em Kampot no Camboja. O autocarro deixou-nos praticamente no centro da cidade, no distrito 1 na rua Pham Ngu Lao que está repleta de bares e hotéis para todos os gostos e feitios. É a zona dos mochileiros da cidade.
Fomos perguntando de hotel em hotel pelos preços dos quartos até que um sujeitos nos abordou na rua e disse que tinha quartos para alugar em casa dele. Decidimos segui-lo e entramos numa rua tão estreita que não passavam duas motas em sentidos opostos. O quarto era limpo e o preço agradou-nos pelo que aceitamos lá ficar. Engraçado que acho que esta ruela, apesar de ser uma perpendicular à rua principal, nos teria passado completamente despercebida não fosse termos seguido o homem. Ela dividia-se em outra pequenas ruas e foi possível ver os locais nas suas casas sempre que nos dirigia-mos ou saíamos do nosso quarto. Eles passam o tempo no chão, seja a comer, a dormir ou a ver televisão. Muitas casas naquela zona tinham quartos para alugar pelo que muitos deles passavam mesmo o tempo todo em casa.
A rua Pham Ngu Lao tem muita vida e tem bares atrás de bares, todos praticamente apenas frequentados por estrangeiros. Os reclamos em neon iluminam as ruas e dão-lhes aquele ar típico asiático que conhecemos dos filmes ou fotos das revistas. A animação é diária.
O trânsito em Ho Chi Minh foi o mais caótico que vi até à data. Há milhares de motinhas a quererem passar por todos os espaços possíveis e imaginários e uma tarefa tão simples como atravessar uma rua pode tornar-se numa tarefa dantesca. É uma questão de hábito como mais tarde pudemos comprovar. Há cartazes e bandeiras alusivas ao regime por todo lado e Ho Chi Minh, considerado o pai da nação também é uma imagem recorrente ao lado das bandeiras do Vietnam e do comunismo com a foice e o martelo.
A cidade é muito grande e há muito para se visitar. A basílica de Nossa Senhora situada na rua Ngo Duc Ke com um aspecto muito europeu é um dos resquícios dos Franceses, a famosa estação de comboios com as conhecidas cabines telefónicas que permitiam chamadas para todo mundo e que entretanto foram transformadas em terminais de multibanco, a avenida Nguyen Hue onde se encontram os maiores arranha céus de Saigão e também onde as lojas dos mais famosos estilistas se encontram, é como uma avenida super ampla e tão grande que o final é quase imperceptível. Começa junto do comité municipal popular com a estátua de Ho Chi Monh na sua frente e acaba somente junto ao rio.
Aqui encontra-se o edifício mais alto da cidade. Há um deck de observação no 49º andar e dois andares acima um restaurante/bar que oferece as mesmas vistas. O deck tem um preço de 100.000 Dongs por pessoa pelo que compensa subir os dois andares extra, ir até ao bar e encomendar uma bebida que apesar de super cara, fica mais barato que pagar apenas o bilhete. Aqui tem-se uma vista sobre toda a cidade e consegue-se perceber a dimensão astronómica que ela tem. Ho Chi Minh City tem uma população de 8 milhões de pessoas.
Um dos mercados principais de Saigão é o Binh Tai que fica em plena China Town.
Este terá sido o mercado mais bonito que vimos. É enorme e tem quase tudo que se possa imaginar à venda. Desde roupa a comida a souvenirs a utensílios para cozinha a uma secção inteira só para chapéus e outra só para mala ou sapatos. Parecia interminável.
Esta parte da cidade está cheia de mercados pequenos de rua ambulantes e respira-se comércio por todo lado. Mulheres que vendem frutas, peixes, legumes e aves. Tudo em plena rua onde milhares de motas passam a todo tempo. Há muitos templos chineses budistas e até uma igreja para visitar.
Quando decidimos lá ir apanhamos um táxi mas cedo nos apercebemos que não era tão perto como pensávamos e acabamos por pagar muito mais que queríamos. De volta pensamos que deveríamos caminhar em vez de voltar a pagar por um táxi. Foi uma decisão que acabou por nos custar imenso. Estava muito muito calor e o percurso ainda nos levou cerca de uma hora e meia a fazer. Penamos mas chegamos.
Visitamos ainda e recomendamos o Museu de Memórias de Guerra. Um local que certamente prefeririam que não existisse mas que está lá bem presente a relembrar o horrores que os Vietnamitas passaram não faz muito tempo.
A partir de Ho Chi Minh City podem visitar ainda o Delta do rio Mekong e os túneis Cu Chi que voltam a transporta-nos para os tempos da guerra.
Ho Chi Minh é futurista, é uma verdadeira cidade com toda a força de uma qualquer outra grande cidade asiática e é ao mesmo tempo agradável e simpática. No entanto é fácil nos perdermos na sua imensidão. Há muito que a queria conhecer e Ho Chi Minh City não desiludiu.
Renato