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Campo da morte de Choeung Ek e o museu do genocídio Tuol Sleng: Phnom Penh, Cambodia

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Durante 4 longos anos, entre 1975 e 1979, o destino do Camboja caiu nas mãos do sanguinário regime Khmer Vermelho. As estimativas apontam para cerca de 2,5 milhões de mortos em apenas 4 anos duma população total de 8 milhões. Do total de vítimas mortais, mais de metade foram pura e simplesmente executadas numa das dezenas de Campos da Morte (killing fields) enquanto que os restantes morreram devido à miséria extrema que levou à morte de muitos por fome, doença ou simplesmente por esgotamento físico. Os Cambojanos foram forçados a sair dos grandes centros urbanos e a moverem-se para o interior do país onde eram escravizados e obrigados a trabalhar em prol do regime, seja na agricultura, minas ou qualquer outra tarefa.

Em Phnom Penh, dois sítios guardam memórias do tempo de terror para que as gerações mais recentes não se esqueçam do seu passado e possam mesmo aprender com ele. O Museu do Genocidio Tuol Sleng e o Campo da morte em Choeung Ek.

Museu do Genocidio Tuol Sleng – Prisão S21

As instalações da antiga escola secundária Chao Ponhea Yat, foram rapidamente transformadas numa prisão de segurança – S-21 – e centro de interrogação pelo regime de Pol Pot, 5 meses após ter vencido a guerra civil e ter chegado ao poder. Se inicialmente os presos eram constituídos maioritariamente de figuras de uma maneira ou outra proeminentes na sociedade e que poderiam de algum modo influenciar a opinião pública contra o regime, rapidamente a paranóia tomou conta de Pol Pot que começou a prender, torturar e matar todos os que fossem minimamente suspeitos de “traição” e seus familiares. Muitos presos acabavam por confessar o que quer que fosse para acabar com a tortura a que estavam sujeitos. As torturas incluíam choques eléctricos, unhas retiradas e álcool vertido nas feridas, simulações de afogamento etc. Os prisioneiros mais complicados eram esfolados vivos. Nos andares superiores do edifício onde se encontravam as celas comuns, os corredores exteriores, tipo varandas, estavam isolados com arame farpado para evitar o suicídio dos que não aguentavam mais. A qualquer altura durante a sua existência, a prisão teve cerca de mil prisioneiros diários. Crê-se que cerca de 20 mil pessoas aqui tenham sido assassinadas e que apenas 7 pessoas sobreviveram à prisão S-21.
O museu está dividido em várias partes e podem ver-se as salas da prisão propriamente ditas, algumas salas onde os prisioneiros eram torturados ainda com as camas com as baterias para os choques eléctricos, uma sala cheia de testemunhos de vitimas do regime que foram forçadas a sair da cidade e a irem trabalhar no campo, uma sala com restos mortais de algumas vitimas tais como esqueletos ou roupas, e por fim uma sala com um filme projectado numa tela.
A visita pode ser realizada em cerca de duas horas e é não se deve perder aquando duma visita a Phnom Penh.

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Campo da morte de Choeung Ek

Muitos dos prisioneiros da prisão S21 tinham como destino final o campo da morte Choeung Ek. Aqui o seu destino era invariavelmente a morte por execução. Esta era levada a cabo pelos militares que usavam espadas, veneno ou mesmo varas de bambu afiadas. Tudo o que servisse para evitar usar balas pois estas eram caras. Os filhos destas vítimas acabavam por se tornarem vitimas eles mesmos pois o regime acreditava que evitaria assim que eles pudessem vingar-se quando crescessem, Crianças e até mesmo bebés eram mortos e depois enterrados juntos com os restantes corpos numa das imensas valas comuns no campo. O método usado para matar os mais pequenos era muitas vezes agarra-los pelos pés e bater com a cabeça numa árvore repetidas vezes até que o objectivo fosse cumprido. Hoje em dia, nenhum dos edifícios do campo antigo se encontram intactos pois foram destruídos após a libertação do Camboja. A visita ao campo é feita por 18 diferentes pontos ao longo de um percurso onde se pode podem ouvir as explicações nos guias áudio que são fornecidos à entrada.

Ao longo deste trajecto, podem ver-se alguma valas comuns que ainda hoje, em dias de chuva mais intensa, deixam sair ossos, dentes e pedaços de roupa que ainda se encontram enterrados. É pedido aos visitantes que avisem os funcionários do parque se algum destes restos mortais for encontrado. Estes estão dispostos também em várias “montras” ao longo do passeio. No final, há um memorial budista, um stupa, que foi construído para albergar centenas de caveiras e ossos de algumas da vítimas. São perfeitamente visíveis as rachadelas ou buracos nas caveiras provocados pelos instrumentos que por vezes eram usados para a chacina.
É um sítio triste. Saí de lá com a sensação que a história continua a repetir-se vezes sem conta e que infelizmente as pessoas não aprendem com o passado.

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Renato

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