Mawlamyine: As primeiras impressões do Mianmar

O primeiro pensamento: parece que estamos na Índia! Um grande caos na estrada, vacas a vaguear, muitos cães vadios, é sujo, o lixo está por todo lado, as feições das caras são mais escuras, há uma diversidade religiosa maior e os homens usam vestes tradicionais. Depois de três meses pelo sudeste asiático estamos felizes por este país ser um pouco diferente.

A estrada entre a fronteira e Mawlamyine não é a mais agradável. A primeira parte foi OK(cerca de 70km de estrada nova) mas o restante foi terrível. Estradas estreitas, milhares de buracos e muitos camiões e scooters a tentarem a ultrapassagem a todo o momento. Acho que no Mianmar se pode conduzir qualquer coisa que tenha rodas. Há bicicletas, bicicletas com sidecar para transportar coisas e pessoas, motas, motas com sidecar, camiões, tractores, motores acoplados a carroças, carroças puxadas a cavalo, carrinhas, autocarros, enfim…  Não há divisões nas vias pelo que quem pode conduz no meio da estrada, ultrapassa-se mesmo que alguém venha em sentido contrário e alguém tem que sair da estrada, geralmente o mais pequeno. Acho que contribui para esta situação o facto de os volantes dos carros serem do lado direito apesar de conduzirem do lado direito da estrada. Basta buzinar para se ter a desculpa de se poder ultrapassar em qualquer situação. Há também a cada dezena de kms umas portagens improvisadas, com arame farpado e uns indivíduos de aspecto duvidoso que recebem pequenos pagamentos dos condutores. Durante as 5 horas que durou a nossa viagem, o nosso condutor teve que parar mais de 10 vezes. No inicio parava mesmo mas mais à frente limitava-se a abrandar e a meter a mão de fora com o dinheiro que alguém recolhia.

Paisagem? Fantástica. Montanhas selvagens com uma floresta densa e arrozais planos verde garrafa. A terra é vermelha e contrasta com o verde das plantas. À distância, muitos animais, maioritariamente vacas, búfalos, cabras e galinhas que são omnipresentes.

Na cidade, o caos é constante, o pó e o lixo. Há barracas construídas com tudo o que se possa imaginar e casas pós coloniais elegantes. A vida é agitada desde que o sol nasce até que se põe.  As pessoas sentam-se nas portas das casas sem se importarem com as nuvens de pó que pairam no ar ou com os montes de lixo ou vegetais podres.

Se alguém disser que Mawlamyine é bonita vou-me rir. Não é. É cinzenta, suja, mal cheirosa e cheia de pó. No entanto, há um par de templos, milhares de monges nas suas vestes castanhas escuras e uma hospitalidade acima do normal que faz com que seja especial e por isso vou deixar de escrever e vou sair para explorar.

Magda