Esta é uma aldeia com apenas uma estrada, se bem que chamar-lhe estrada será provavelmente um elogio. É mais um caminho, em terra, sem sequer um bocado de gravilha. Mas na verdade eles não precisam de uma estrada pois a aldeia não está ligada com nenhuma outra aldeia. Só lá se chega de barco.
É um pedaço de oasis, um sítio que não mudou muito ao longo dos anos, com a excepção de algumas guesthouses e restaurantes novos e 24 horas de electricidade diárias. Há dezenas e dezenas de crianças nas ruas a brincarem no meio de galinhas enquanto os adultos descançam em frente às suas casas. O tempo parou.
A melhor memória que trago é de um dia de preguiça passado numa rede a baloiçar com um livro em frente à nossa cabana e uma sopa de 1 dolar deliciosa que compartilhamos com três companheiros viajantes. Estávamos ali sentados os cinco, todos de países diferentes, numa altura diferente das nossas longas viagens, provavelmente a aventura das nossas vidas e quase nem falamos porque ninguém quis fazer conversa vazia como as que se tem nos hostels mais famosos. E não teve problema nenhum nisso. Acho que estávamos apenas extasiados por ali estar naquele ambiente pacífico e tranquilo de Muang Ngoi.
O nosso bungalow pertence a uma familia de uma rapariga nova que casou com um viajante Sueco que passou pela aldeia há 4 anos atrás. Não sei os detalhes da história deles mas sei que vivem lá com 3 filhos na casa da família da rapariga. O Sueco mudou de uma cidade europeia super moderna para uma aldeia no meio da selva para a qual não podem sequer conduzir. Vivem em condições um pouco fora do normal num sítio fora do normal mas quem sou eu para julgar as suas escolhas? Parece-me feliz e as suas crianças a brincarem livremente são apenas uma prova disso mesmo.
Como podem imaginar, numa aldeia com uma estrada não há muito para ver para além do templo budista que se encontra em toda a parte no Laos.
Podem no entanto fazer um trekking nas aldeias vizinhas. Alí o tempo parou mesmo.
Acordamos bem cedo para evitar caminhar na altura de maior calor. Seguimos um mapa que o Sueco nos desenhou, saímos de Muang Ngoi e seguimos o caminho pelo meio da selva.
Vinte minutos adiante passamos por uma gruta com um riacho mas decidimos deixar o mergulho para o retorno. A caminho da primeira vila tivemos que tirar os sapatos algumas vezes e atravessar alguns riachos(ou sempre o mesmo que serpenteava). O caminho é bastante plano mas as vistas são maravilhosas: arrozais de côr verde viva e de calcário esverdeados.
Alguém tentou ir de uma aldeia à outra de carrinha e claro que acabou atolado no meio da imensa lama.. Conseguimos ajuda-lo a sair de lá mas à vinda embora voltamos a vê-lo atolado uns metros mais à frente. Uma hora depois chegámos a Hoy San. É impressionante com estas pessoas vivem. Cabanas de madeira em cima de estacas e paredes finas feitas de bambu. Um ou dois chuveiros para a aldeia inteira. Não há divisões ou muros e as galinhas correm com porcos par a par com cães e gatos.
De seguida fomos para a Na Kang, a segunda aldeia que visitamos. Demorou-nos mais uma hora a lá chegar por uma caminho desta feita um pouco mais sinuoso. A aldeia é similar a Hoi San, talvez um pouco maior. Paz e sossego, algumas crianças a banharem-se na água fria e um homem de idade a fazer um cesto de bambu. Já era meio dia e o calor apertava muito. Decidimos separar-nos do nosso amigo, o Lolo que continuou até à próxima aldeia enquanto nós voltamos a Muang Ngoi. A mergulho na lagoa da gruta que tanto ansiávamos não foi tão bom quanto isso pois a água estava muito muito fria e os locais que la se banhavam não se despiam e por isso não me quis pôr de bikini.
Informação prática:
Transporte:
Barco de Muang Khua para Muang Ngoi: 15 000 KIP por pessoa
Barco de Muang Ngoi para Nong Khiaw: 25 000 por pessoa
Dormida: Um simples bungalow de madeira custa com vista sobre o rio (fica do lado esquerdo do sítio onde o barco atraca) 40 000 KIP
Trekking às aldeia mais próximas: comprar bilhete próximo da gruta por 10 000 KIP. Precisam de pelo menos meio dia para visitar duas aldeias ou um dia completo para ver mais.
Levem águas em abundância. Nas aldeias há água à venda mas não é fresca.
Levem algum dinheiro pois não há caixas multibanco em Muong Ngoi ou nas aldeia que se visita no trekking.
Magda
Nunca esteve nos meus planos visitar o Laos, mas ultimamente tenho visto tantos posts, reportagens na televisão de lá, que estou começando a pensar a respeito. Ótimo relato e fotos. beijos =)
Paisagens espetaculares que vejo neste post! Incrivel como estas pessoas vivem, em casas de madeira, mas estas viagens são boas para entendermos que nós europeus, somos privilegiados relativamente a certos padrões de qualidade de vida!
É fabuloso conhecermos locais assim. De repente parece que entramos num sítio onde o tempo parou, nada mais existe para lá desse local. E aí encontramos os puros de espírito, onde um sorriso vale tudo. Obrigada pela viagem!
Conhecer esse tipo de lugar é o que mais me atrai em viagens! E quando falou sobre o silêncio entre os viajantes que lhe faziam companhia no hostel, fiquei com inveja, pois sinto falta de mais momentos de introspecção e reflexão nos hostels em geral! rs
As fotos estão lindas, assim como sua escrita é muito agradável! Parabéns!
Beijos
Ótimo artigo! Não conheço Laos, mas ao ver este tipo de lugar dá uma baita vontade de conhecer! Adoro cidades menores e autênticas! Obrigado pelas dicas!
De uma certa forma ver aldeias assim, perdidas no meio do nada, também lembram alguns cantos do Brasil. Muito bonitas as fotos e ver essa vegetação luxurejante. Com certeza uma boa dica para quando eu for praqueles lados do mundo.
Na minha última viagem ao Sudeste Asiático não tive tempo de visitar o Laos (acho que cortamos pois o visto era complicado na época). Ficou pra próxima viagem e espero que seja em breve!
Quero muito conhecer Laos, adorei as fotos e o relato serve de inspiração, sobretudo a história de alguém que “larga tudo” e vai viver para um lugar assim. 🙂
Que post mais inspirador! E que experiencia fantástica! Este é um dos países que estão no topo de nossa lista de desejos! Obrigado pelo post!
Olá Itamar. Obrigado pela mensagem. Fique atento aos próximos artigos sobre a Indonésia. Nas próximas semanas estarão publicados. Um abraço e boas viagens.