Está na hora de descer ao que alguns consideram como o inferno na terra. Um vulcão activo que cospe enxofre das suas entranhas e que serve de fonte de subsistência para muita gente da região que o rodeia no leste da ilha de Java.
É isto. Vamos entrar no raio da cratera de um vulcão activo e perigoso como tudo e ainda vamos pagar para isso… Esta gente faz isto todos os dias durante anos a fio. Quem somos nós para nos atrevermos a queixar nem que seja um segundo?
Por muito que pudéssemos ter lido sobre o Kawah Ijen(em indonésio), nada nos poderia ter preparado para o que estávamos prestes a assistir.
Temos um motorista a bater-nos à porta à 1:00 da manhã na guest house onde estávamos para nos levar para a base do vulcão. Tudo normal até aqui. É só uma visita guiada que começa mais cedo que o normal. Vamos ao raio do inferno e, se tudo correr bem, voltar.
Assim que chegamos à base vimos mais uma série de turistas prontos, cada um à sua maneira, para subir a cratera. Tínhamos cerca de 500 metros em altitude e 3 km de distancia até atingirmos o topo da cratera.
A subida não foi fácil e tenho que admitir que as poucas cervejas que bebemos na noite anterior com o casal de australianos que havíamos conhecido pouco antes não ajudaram. Suamos como tudo.
A meio do caminho fizeram-nos alugar umas mascaras que supostamente nos protegeriam dos fumos do enxofre. Que é que vais fazer? Não vais alugar uma mascara por dois euros antes de descer a um raio dum vulcão activo? Tens de o fazer.
A subida é muito inclinada e a cinza no chão não ajuda a deixar respirar em condições. Para além disso, está escuro como tudo. Cada um tem um lanterna, presa na cabeça ou na mão e assim, uns mais rápido que outros lá vão atingindo o cume.
Chegados lá acima acaba-se a parte mais difícil e começa a parte mais perigosa. A descida, que por si só é vertiginosa, faz-se por por um caminho onde não passam mais que duas pessoas e cheio de rochas de vários tamanhos que pareciam poder soltar-se a qualquer momento. São mais 700 metros de caminho até atingirmos o famoso lago azul.
Mal começamos a descer, começamos a cruzar-nos com os trabalhadores do vulcão que carregam o enxofre cratera fora.
Estes homens, carregadores, são uns verdadeiros heróis. Eles e os que batem o martelo no cinzel lá em baixo para partirem o enxofre em “pequenas” pedras. Trazem até 120 kg, em dois cestos ,um em cada ponta de um pau que carregam aos ombros. GENTE: estamos a falar de carregar 100 Kg de pedra em média, duas vezes por dia, por um caminho de 700m diabólico, com uma inclinação brutal e num caminho super sinuoso, cheio de pedras soltas e onde qualquer desatenção pode ser fatal. Alguns destes carregadores fazem-no sem mascara, e mais, a fumar um cigarro.
Então nós temos que levar uma mascara e eles que tem que fazer o trabalho todo fumam cratera acima enquanto carregam 100 kg de pedra? Ok. Somos oficialmente muito fracos.
Descemos e descemos até que atingimos as chamas azuis do vulcão. As mascaras, o entusiasmo e o fumo não nos deixaram perceber o quão perto estávamos da água do famoso lago azul. Mesmo de mascaras não se consegue respirar bem e a visão é quase nula. O cheiro do enxofre entranha-se não só no nossos narizes e pulmões mas como viemos a comprovar umas semanas mais tarde, fica nas nossas roupas quase permanentemente.
Consegue-se ouvir o raio do vulcão mesmo debaixo dos nosso pés. A determinada altura veio uma rajada de vento que desviou o fumo intenso para cima de mim. Mesmo com a mascara na cara tive o reflexo de me meter dentro do casaco que trazia. Lá em baixo o fumo é mesmo muito carregado e estes gajos passam aqui muitas horas por dia a partir pedra de martelo e cinzel para os carregadores levarem para cima. Um minuto de fumo mais intenso e já estava preocupado que me tinha perdido da mulher… Ali ficamos cerca de meia hora a tentar perceber como tudo funciona.
Era hora de voltar para cima. Os australianos já tinham ido há muito. Estava na hora de partilhar caminho com os carregadores. O nosso guia, sempre muito na boa, ia-nos explicando que mesmo sendo um trabalho muito duro, era muito mais bem pago que qualquer outro trabalho na região. Estava contente por, naquele dia, ter um grupo para liderar mas sabia que no próximo dia aquilo era o que lhe esperava. Ele próprio é um carregador e porque fala umas palavras de inglês pode dar-se ao luxo de um dia ou outro fazer de guia em vez de carregar o material precioso amarelo cratera acima.
Até estarmos de volta ao cume, não nos apercebemos que estivemos a poucos metros do lago. O escuro da noite com o fumo do vulcão não nos permitiram saber que estivemos a escasso metros do dito cujo.
Só agora o sol estava a nascer e nos permitia uma visão mais abrangente de tudo aquilo que tínhamos vivido.
Os carregadores continuavam a carregar as pedras de enxofre …
A subida por si só não foi fácil e só conseguia pensar no que será fazer aquele caminho diariamente duas vezes com 100kg de pedra aos ombros.
Apesar de termos demorado apenas mais ou menos 5 horas a fazer todo o percurso, são momentos que iremos guardar para sempre nas nossas memórias. Uma experiência fora do normal para nós. Uma aventura que recomendamos vivamente a quem tenha a oportunidade de a fazer.
Renato
Great pics and it seems really interesting but I don’t know if I could handle the smell! I would like to visit one day.
Such an amazing adventure! I feel sorry for the porters trying to make ends meet by doing such a dangerous job!
Hi Alex. True. As we mention on the post, these guys are true heroes.
Thanks for sharing, I really enjoyed reading your story! 🙂 Did the descent down feel dangerous? I’d love to visit, but have visions of toppling down into a volcano now…!
Hi Emily.The descent felt a bit dangerous nothing you can’t do with with a bit of extra attention.
Wooow you guys must be daredevils, because I will never have the guts to do this!
What an interesting experience! The porters sound like absolute heroes! 🙂
Wow! What a cool adventure. Those porters are amazing. Not sure I’d want to do that. Glad to experience through you.
Wow, its crazy they let people and tourists near there!
Parabéns!! Este passeio é somente para os fortes. Com certeza serão momentos que vocês lembraram para sempre. E os carregadores, sempre com um sorriso no rosto. Beijo =)
Que experiência tremenda! Acho que eu sentiria um bocado de medo nesse lugar, ainda mais indo à noite! E que heróis mesmo são esses trabalhadores que passam todos os seus dias em meio ao cheiro de enxofre!
Parabéns pelo post! Um beijo.
é preciso ter coragem daquelas 🙂 mas acho que arriscaria, não saberás quando vais ter uma oportunidade destas. Já subi vulcões mas adormecidos, inclusivé subi um já tarde e depois para descer tivemos uma grande sorte pois o segurança deu-nos boleias de moto 4 pois já era de noite 😛
Obrigada pela partilha!
Que experiência incrível!! Deve ser muito duro, mesmo. Mas no fim vale a pena! 🙂
Mas deixa-nos mesmo a pensar nas condições em que trabalham aqueles homens. E sempre com um sorriso na cara. Que força!
Uau! Que experiência incrível! Não é para qualquer um não! Parabéns!
Obrigada por compartilhar, pois só mesmo assim eu teria conhecimento dessa aventura incrível.
Uau, que aventura incrível! Não sei se eu conseguiria fazer o mesmo, mas deve ser uma experiência fantástica e inesquecível! Parabéns pela coragem 🙂
Wow! Incrível passeio esse. Não fazia ideia que tal existia. Terima kasi! 😉
I’m not sure if I’m daring enough to do all that, but wow that is some rewarding views you got there!
no comment if about the beauty of the ijen crater, what’s more when the night hunts for the blue fire, it’s really nice in the dark