Estávamos em meados de Junho, o “aquecedor” estava ligado lá fora e fomos passar o dia a Al Ain, onde fica o ponto mais alto do país. Al Ain é também considerada a cidade mais verde dos Emirados Árabes Unidos. É a segunda maior cidade do Emirado de Abu Dhabi e fica na fronteira com o Oman a cerca de 160km do Dubai. A arquitectura da cidade é completamente diferente do Dubai ou de Abu Dhabi. Não tem arranha céus e parece ter um estilo de vida bem mais tranquilo.
Emprestaram-nos um carro e fomos buscar a Justyna, amiga da Magda ainda pela manhã. Depois desta viagem apercebi-me que não posso conduzir nos Emirados. Enquanto turista posso usar a minha carta de condução portuguesa sem problema mas a partir do momento em que tenho o meu visto de residência, a carta portuguesa deixa de ser válida e tenho que pedir a dos Emirados. Não aconteceu nada de mal.
A nossa primeira paragem foi na montanha Jebel Hafeet. Com uma elevação de 1250m, esta é a maior montanha dos Emirados. A estrada até lá acima é muito sinuosa mas suave. Há áreas para churrascos ao longo da estrada por isso se quiserem vir fazer um piquenique com a família ou os amigos, este é um bom escape ao stress do dia-a-dia. No topo propriamente dito não há nada de especial a não ser a vista de cortar a respiração. Há um pequeno restaurante e um parque de estacionamento imenso. A montanha em si, é árida e sem vida mas a subida é uma viagem obrigatória. Há um Mercure Grand Jebel Hafeet hotel onde parámos para uma bebida e para descançar um pouco e tirar mais umas fotografias. Este hotel tem uma piscina adorável e um pequeno campo de mini golf. Não levamos as nossas roupas de banho e estava tanto calor.. As vistas eram, novamente fenomenais. Ainda tentamos encontrar uma cache (geocaching.com) mas a nossa ligação à internet era mínima e, sem sabermos exactamente onde estaria, acabámos por desistir.
Dali partimos para um oásis de tâmaras e ainda tivemos tempo para para no estádio do Al Ain FC para fazer umas fotografias. O oásis é como uma quinta de palmeiras com umas ruas estreitas entre os campos cheios de palmeiras. Fiquei surpreso pela facilidade com que nos deixaram entrar de carro. Conduzimos à toa por um bocado e continuo sem perceber o que teria acontecido caso viesse outro carro em sentido contrário pois o espaço para dois carros era inexistente. Acabamos por estacionar e deambulamos pelos campos. Foi muito interessante para mim perceber como se desenrola este processo, especialmente porque até este dia não fazia ideia sequer de onde vinham as tâmaras.
Começávamos a ficar com fome mas era Ramadão e tínhamos de esperar pelo pôr-do-sol até que os restaurantes começassem a servir comida. Escolhemos um restaurante no centro da cidade. Era um buffet mas o interessante foi que quando nos sentamos, ainda faltava algum tempo para o pôr-do-sol. Tínhamos que esperar cerca de 20 minutos mas o restante pessoal estava à espera há 15 ou 16 horas desde que tinham bebido ou comido a última vez. Foi impressionante vê-los a jorrarem água nos copos e esperarem pacientemente enquanto falavam com quem estivesse com eles. Por mais que uma vez vieram-nos dizer que podíamos começar a comer se quiséssemos uma vez que não estávamos a cumprir o jejum. Creio que éramos os únicos não muçulmanos naquele restaurante e gentilmente recusamos. A comida já estava exposta nas travessas à espera de ser escolhida e comida. Mal se começaram a ouvir as rezas vindas da mesquita mais próxima todos se levantaram e, em fila, encheram os pratos até não caber mais um grão de arroz.
Quando acabei de comer fui à rua fumar um cigarro e acabei na conversa com o chef do restaurante. Nunca me tinha ocorrido como raios poderia o chef cozinhar uma quantidade tão grande de comida estando em jejum. Perguntei-lhe: “Mas não podes sequer provar a comida? Como sabes quando está no ponto?” Ele respondeu:” Cheiro-a”!
Mais fotografias dos Emirados Árabes Unidos aqui.
Renato