Já muito foi escrito sobre os templos de Angkor e sem grandes surpresas pois trata-se provavelmente do sítio mais famoso do sudeste asiático. Angkor é um complexo urbano histórico de mil km/2 o que significa que é muito mais que o mais famoso dos templos, Angkor Wat. Porque que da cidade antiga apenas os templos sobreviveram? Eram todos os cidadãos monges? Não. As casas e edifícios públicos eram feitos de madeira pois só os Deuses mereciam casas em pedra. Durante centenas de anos a cidade esteve abandonada portanto as casas em madeira desapareceram. Angkor foi construída entre os sécs. IX e XV no tempo do império de Angkor. Naquela altura a cidade tinha 1 milhão de habitantes e era a mais populosa do mundo. Desde o final do império no séc. XV até à redescoberta por exploradores franceses e consequentes trabalhos de conservação e manutenção, Angkor esteve praticamente deserta e negligenciada. Graças aos esforços de manutenção a partir de meados do séc. XX, Angkor tornou-se numa das maiores atracções do mundo. O regime dos Khmers vermelhos tiraram o Camboja do mapa por alguns anos mas depois da sua queda, Angkor recuperou o seu estatuto no topo da lista de melhores sítios para visitar no mundo.
Quando chegamos a Siem Reap, a porta de entrada de Angkor, sabíamos que queríamos passar o primeiro dia na cidade a preparar a visita aos templos. Queríamos saber qual a melhor maneira de lá chegar, quantos dias seriam necessários e ver o máximo possível sem cair no tédio. Eventualmente compramos o bilhete de 3 dias e decidimos fazer no primeiro dia o grande circuito, no segundo o pequeno circuito, ambos de tuk tuk, no terceiro dia fazer uma pausa e ficar por Siem Reap e no quarto dia voltar para explorar mais um pouco devagar e de bicicleta. Decidimos que não iríamos acordar às 5 da manhã para ver o pôr-do-sol como muitos fazem porque em primeiro lugar gostamos de dormir e em segundo lugar ouvimos dizer que é a parte mais lotada de todo dia quando toda a gente tenta tirar uma foto tos templos na melhor luz. Acordamos a uma hora normal e chamamos um tuk tuk. Foi uma pena não termos perguntado ao condutor a que horas acabaria a visita pois não tínhamos problemas em não ver o nascer do sol mas queríamos esperar até ao pôr do sol. Como percebemos mais tarde, o condutor não queria ficar até tão tarde.
Era já um pouco tarde quando saímos de Siem Reap no primeiro dia e tínhamos o circuito grande inteiro pela nossa frente. Quando picamos o bilhete e passamos em frente a Angkor Wat senti um calafrio na espinha. Não podia acreditar que estávamos finalmente ali.
Começamos com um nervoso miudinho e sem grande pausas. Vimos o primeiro templo a correr seguido de uma brisa suave no tuk tuk e outro templo. Um pouco antes do penúltimo templo percebemos que ainda eram 2 da tarde e estávamos quase a terminar a volta. Perguntamos ao condutor onde estaríamos até ao pôr -do-sol (por volta das 5:30) ao que ele respondeu com outra pergunta: “Qual pôr-do-sol? Não há pôr-do-sol hoje. Acabamos antes disso”. Ficamos um pouco chateados porque tínhamos pagado 20 dólares por um dia de viagem e estávamos a acabar 4 horas depois. Bem, creio que foi um pouco culpa nossa pois apressamo-nos demais nos templos. Sentamo-nos numa sombra para descansar um pouco e beber algo fresco e ainda ponderamos comer para matar tempo mas a verdade é que não tínhamos fome. Pergunto-me a que horas é que a malta que vai ver o nascer-do-sol termina a visita. Por fim lá desistimos e visitamos o último templo e voltamos ao hotel. Pelo menos tivemos tempo para comer um jantar delicioso e trabalhar um pouco no blog.
No segundo dia decidimos escapar do nascer do sol mais uma vez e por volta das 10 da manhã chamamos o condutor do tuk tuk que tínhamos conhecido no dia anterior no restaurante. Naquele dia fomos fazer o circuito pequeno pelo que tínhamos os templos mais famosos à nossa espera. Pelas 11 da manhã estávamos a passar a ponte que atravessa a massa de água até um dos templos mais famosos do mundo. O Cheu, o nosso condutor disse que nos esperaria por 3 horas. Três horas? Como assim? Ontem vimos 5 templos em 4 horas. A verdade é que não sei como é que o tempo passou tão rápido.
Angkor é tão esplêndido quanto descrito em todo lado. Um espaço enorme rodeado de um fosso gigante, um templo com três níveis distintos e esculturas espantosas. Por um momento estivemos completamente sós. Ficamos sentados na relva a olha-lo à nossa frente. Não imaginamos como seria construir algo tão massivo há tanto tempo atrás.
Naquele dia todos os templos nos fascinaram. Depois de Angkor Wat fomos a Angkor Thom que significa a grande cidade e que foi a última capital do império Khmer. No seu centro encontra-se o templo de Bayon. Sabia que íamos ver as famosas caras esculpidas na pedra. Paramos mas de longe nada me chamou a atenção pelo que achei que tinha confundido algo. Depois de algum tempo comecei a vê-las. Esculpidas nos quatro lados dos pilares, da mesma cor da pedra, surgindo um pouco por todo lado. Senti novamente arrepios. Mal entramos no templo começou a chover. Ficamos “presos” numa das torres. Estávamos sós mas havia mais que apenas as nossas duas caras…
Depois vimos o templo Baphuon do séc.XI e caminhamos ao longo do terraço de 300 metros chamado Terraço dos Elefantes devido aos elefantes esculpidos na pedra em tamanho real e ao lado o Terraço do Lepper King. Foi quando fizemos uma pausa para o almoço e convidamos o Cheu a almoçar connosco e falamos um pouco com ele sobre o trabalho dele e da sua família.
O próximo templo a caminho foi Ta Keo, também do séc. XI, outro templo muito alto acedido por ruas estreitas e pedras rectangulares gigantes.
O último templo foi Ta Phrom que é diferente dos outros. As árvores não foram completamente retiradas o que o torna único. Muitas cenas do filme Tomb Raider foram aqui filmadas. Os troncos enormes forçaram o seu caminho por entre os templos e por ali permaneceram. É inacreditável. Chegámos lá mesmo antes do pôr-do-sol, as árvores cobriam os céus e o templo pareceu misterioso e fascinante.
Tivemos um pouco de azar pois o céu estava coberto com nuvens e por isso não tivemos um bom pôr-do-sol. Paramos noutro templo e trepamos até ao topo mas depois de alguns minutos a olhar para as nuvens desistimos. O sol desceu sem criar a luz mágica que queríamos.
No dia seguinte fomos de tuk tuk até à aldeia flutuante Kampong Phluk. Dia fantástico não fosse ter perdido o meu telefone…
Ao quarto dia, depois de algumas aventuras relacionadas com idas à polícia para obter um relatório sobre o telefone perdido(por questões de seguro) que incluíram uma viagem numa motinha com três pessoas e o pagamento de uma “doação” à polícia, fomos novamente para Angkor, desta feita de bicicleta. Vale mesmo a pena ficar lá até ao pôr-do-sol e o nascer do sol deve ser impressionante também. Voltamos ao nosso hotel já a noite estava posta. Paramos um pouco num parque que é famoso por ter uma quantidade fora do normal de morcegos, pendurados nas árvores mesmo durante o dia luminoso. Criaturas enormes do tamanho de corvos grandes a cruzarem os céus um a um.
Informação prática
Para facilitar as visitas, foram criadas duas rotas, uma grande e uma pequena. A grande inclui os templos menos famosos que estão localizados um pouco mais longe de Siem Reap. Eu até nomearia os templos mas os nomes são tão difíceis e idênticos que não se iriam lembrar de qualquer maneira. O circuito pequeno inclui os templos mais conhecidos como Angkor Wat, Bayon ou Ta Phrom, também conhecido como o templo do Tomb Raider. Muitas pessoas começam as suas visitas pelo nascer do sol mas é a altura com mais gente a tirar fotos, sabem? Fotos com telemóveis e selfie sticks.
Todo o complexo é gigante por isso é recomendável que aluguem um guia de tuk tuk que fique convosco o dia todo e que vos leve a todo lado. Podem também alugar uma bicicleta mas a percurso é bastante comprido e a qualidade das bicicletas que se arranja não é a melhor.
Perto de todos os templos há muitas barracas de comida, os preços são razoáveis e a comida é boa.
Magda