A Roménia foi o primeiro destino não planeado da nossa viagem. Depois de alguns dias na Ucrânia, a Roménia pareceu-nos uma boa ideia para continuar a viagem. O meu velho guia da Roménia, nunca usado, estava numa estante em casa e quando saímos de Cracóvia tinhamos pensado em ir para norte, visitar a Lituánia ou a Letónia mas visto que a Bielorussia não é transitável sem vistos e teríamos que esperar uma data de dias decidimos ir para sul. Um dia antes de saírmos da Ucrânia escrevi á Corina, uma amiga Romena, a pedir algumas recomendações e dicas para o norte do país. Ela deu-me uma lista de sítios que valiam a pena visitar e umas horas mais tarde, depois de sacar os mapas para o meu telefone, saímos em direcção á Roménia.
Depois de uma longa e esburacada estrada Ucraniana vimos um sinal que nos indicava a fronteira. Já era tarde e não havia quase ninguem a fazer a travessia. O policia da fronteira recebeu-nos com um “buona sera” o que nos fez pensar inicialmente que ele achava que eramos Italianos. Sabíamos que o Romeno pertence ao grupo de línguas latinas e havia de ter algumas semelhanças ao Português, Italiano ou Espanhol mas quando vimos alguns sinais informativos o Renato achou bastante piada pois apesar de estarmos algures no leste Europeu, ainda mais a leste que a Polónia, ele conseguia entender algumas coisas. Escritas pelo menos como haveríamos de perceber mais tarde.
Logo após a fronteira, perto da primeira cidade Romena Sighetu Marmatiei tinhamos o nosso hotel marcado. Escolhemos o hotel basicamente devido ao seu nome, Dupa Apa La Razvan (Dupa significa rabo em Polaco), nome que me fez rir até de manhã.
Bem cedo no dia seguinte, tomamos o pequeno almoço no centro desta pequena cidade que não era muito atractiva e fomos directos ao Memorial das Vitimas do Comunismo e da Resistencia. Pensamos que seria só a famosa estátua mas revelou-se um museu enorme dentro de uma antiga prisão. Era chamada oficialmente de “Unidade de Trabalhos Especiais” mas era basicamente uma unidade de exterminio da elite intelectual que poderia por em causa o regime. È um sitio com um ambiente pesado mas comemorado de forma perfeita, especialmente através da capela no exterior rodeada de milhares de nomes pertencentes ás vitimas e o tal monumento interessante no jardim.
Os próximos destinos foram como que retirados de um conto de fadas. Muito muito distante, no meio do nada, entre campos, casas de campo e carroças puxadas a cavalos há um cemitério único, em tons de azul. Sem cerimónias, túmulos cinzentos ou cruzes negras. Ao invés, coloridas cruzes de madeira com uma pintura do falecido e um texto acerca da sua vida. A ideia do Merry Cemetery(Cimitirul Vesel) surgiu em 1935 quando o artista local Stan Ioan Pătraș escreveu sobre um túmulo um épitáfio engraçado. A partir daí a ideia cresceu e foi seguida por um dos seus aprendizes que continua a esculpir as cruzes em madeira e a escrever textos cómicos sobre a vida ou morte do defunto. Os mais engraçados falam por exemplo sobre o prazer do álcool, o ódio á sogra ou o que morreu com um relampago na cabeça. E uma pena que todas as campas estejam todas em Romeno sem tradução mas ainda consegui ouvir algumas traduções de uma pessoa que explicava ao amigo em Inglês.
Não tenho a certeza se deveria escrever sobre o próximo sítio. Primeiro porque fico um pouco embaraçada e segundo porque não me consigo perdoar de não termos ido um pouco mais adiante. Estou a falar de um sítio chamado Barsana em Maramures e o mosteiro local. Como disse antes, estávamos a visitar a Romênia com o guia numa estante em casa então tinhamos uma lista de sítios recomendados escritos num pedaço de papel ( na verdade estava no bloco de notas no telefone, tão moderna que sou:)) Havia um nome “Igreja linda em Barsana”. O GPS encontrou o sítio e fomos. A caminho, no entanto, perdemo-nos pois não havia muitos sinais por lá. Por fim, estacionamos como que no jardim de uma casa e seguimos para a Igreja. De facto era bastante charmosa mas estava fechada. Vimos um sinal que a confirmava na lista da UNESCO mas mesmo assim saímos de lá com a sensação que não vimos tudo que havia para ver. Mas tinhamos de andar e por isso seguimos caminho e descemos em direcção a Cluj-Napoca. Descobrimos mais tarde que perdemos um mosteiro com um par de edificios de madeira em Barsana, Maramures. Bem, pelo menos fica algo para ver da próxima vez que lá estivermos.
A estrada para Cluj foi muito agradável. Passamos um pouco pelas montanhas, por vales, vimos muitos rebanhos e atravessámos diversas aldeias. Alguns quilometros antes da cidade parámos para reservar um hotel. A Roménia já não é tão barata como a Ucrânia pelo que ficamos um pouco afastados do centro.
Cluj surpreendeu-me bastante com os seus edifícios fin de siécle, enormes igrejas e o número de bares e gente jovem nas ruas. Mais sobre isto e sobre como escapamos de um quarto fechado e escuro na segunda parte deste artigo.
Magda