Sa Pa tem, para mim, três faces diferentes. Três imagens que combinadas fizeram dela o meu sítio preferido no Vietname e provavelmente em todo sudeste asiático.
A primeira não será muito positiva. É uma cidade em construção que não é muito bonita nem uniforme. Uma cidade que recebeu um inesperado influxo de dinheiro e que não sabe bem como usa-lo. Uma cidade onde o seus cidadãos, sem estarem à espera começaram a receber carradas de turistas, tanto do Vietname como do resto do mundo. O desenvolvimento do turismo que começou nos anos 90 e teve o seu boom no início do séc. XXI mudou Sa Pa para sempre e também influenciou as minorias étnicas que vivem nas aldeias vizinhas. As mulheres, que habitualmente tratavam apenas da vida caseira de repente viram-se confrontadas com uma vida mais urbana onde podiam ganhar mais dinheiro. Mulheres jovens mudaram-se das aldeias para a cidade e ganharam independência, aperceberam-se das novas tecnologias, conheceram mais gente e tornaram-se mais modernas e deixaram as tradições para a família.
Já para não falar das aldeias em redor de Sa Pa que até há bem pouco tempo não recebiam estrangeiros de todo, onde nem todos tem electricidade ou água corrente e que de repente se veem inundadas de turistas que vem observar o seu modo de vida. Ficam admirados com os animais à solta como vacas e galinhas por todo lado e observam o seu trabalho árduo nos campos de arroz. Num estudo bastante interessante sobre as mulheres da minoria étnica Hmong, o autor escreve que as gerações mais antigas que tem dificuldade em entender porque é que as pessoas gastam dinheiro para verem as suas casas e arrozais. Ainda estão espantados com a rapidez com que tudo aconteceu. Se estiverem interessados no impacto do turismo nas mulheres Hmong mais jovens podem ler aqui.
Sa Pa, cuja economia há 30 anos estava baseada na agricultura de pequena escala desenvolveu-se e modernizou-se. Há muitos hotéis novos, restaurantes, lojas de souvenirs e agências de turismo. De acordo com o Wikipedia, entre 1995 e 2003, o numero de turistas passou de 4,860 para 138, 622(!) e até agora é com certeza mais alto. É uma mudança incrível que não foi intencional ou influenciada pelos locais. Eles limitaram-se a tomar partido da grande procura e desenvolveram uma infraestrutura turística praticamente do zero. Fizeram-no bem? Nem por isso. Novos hotéis são construídos a torto e a direito e sem um planeamento urbanístico apropriado. Por exemplo o nosso hotel, um edifício novo, numa cor verde sem alma e localizado um pouco afastado do centro onde ninguém falava inglês. Havia literalmente algumas galinhas sempre à porta que pareciam correr juntos das motas que iam passando. Mas o hotel ali estava, novo em folha, pronto para a próxima vaga de turistas que estavam a caminho da época seca. Também vimos um hotel gigante a ser construído num precipício e que brevemente poderá acomodar centenas de estrangeiros. Pouco interessa a estrada super estreita e esburacada que lá vai dar.
A segunda face de Sa Pa é a mais fria, chuvosa, coberta num nevoeiro serrado que cobre a infraestrutura turística feia. Uma cidade tranquila, quase misteriosa. Uma cidade onde ainda há dias sem electricidade e as pessoas jantam nos restaurantes à luz das velas ou com o ruído dos geradores ao fundo. Onde as mulheres da minoria étnica Read Dao se sentam num canto da praça principal, no escuro, com lanternas na cabeça, em redor dos turbantes vermelhos enquanto fazem pequenas coisas em tecidos para venderem aos turistas. Os locais juntam-se em redor de mesas de plástico, com pequenos fogareiros e aquecem-se ao fogo enquanto comem e vendem espetadas de carnes diferentes. Onde algumas lojas pequenas de souvenirs nos tentam com os coloridos e baratos artesanatos. Ali, em pleno verão, senti-me como no Natal mas em calções e t’shirt. A igreja iluminada e as luzes coloridas nas árvores, os neons dos cafés e restaurantes e os mini barbecues juntamente com a névoa quase constante dão a Sa Pa um ambiente acolhedor e amigável.
A terceira face de Sa Pa é a mais bonita e mais autêntica. É a FACE de Sa Pa ou melhor, os seus arredores. Face de uma cidade que fica a uma altitude de 1500 metros, rodeada de vales com desníveis acentuados e arrozais. Uma cidade com vistas surreais sobre as montanhas e sobre o maior pico do país, o Fansipan a 3143 metros de altura. Um sítio onde o verde nunca foi tão intenso, onde as miúdos montam búfalos de água e há mais crianças que adultos. Ao correr os caminhos apertados é preciso ter cuidado por onde passamos devido ao numero de animais que andam à solta. Leitões, pintainhos, patos, gatos e cachorros. A fertilidade é interminável. Tudo é novo, energético e lindo.
Todos trabalham no arrozais. Os novos e os velhos e quando passa um turista a acenar para eles, param o que estão a fazer e sorriem de volta. Apesar de por vezes os mais velhos parecem não entender tanta admiração e entusiasmo por algo que para eles é tão normal e conhecem desde sempre. Em Sa Pa, não fizemos nenhuma famosa caminhada com outros grupos de turistas. Preferimos afastar-nos um pouco desse caminho e exploramos por nossa conta e risco. Alugámos uma mota e viramos em cada caminho mais pequeno e lamacento, empurramos a mota por rios e pontes muito esburacadas, deslizamos em gravilha, trememos nos buracos e passamos por muitos deslizes de terra com medo que se repetissem. Graças a isso vimos uma grande parte dos campos e aldeias em redor de Sa Pa, tiramos algumas centenas de fotos a montanhas e arrozais. Tivemos dois dias de mota que não esqueceremos durante os quais, não paramos de contemplar a beleza natural que nos rodeava.
Magda
Mais fotos de Sa Pa aqui.
Jednak natura robi wrażenie wszędzie i to bardziej przyciąga turystów niż co innego 🙂
Kolejny inspirujący kraj. Na sam widok ludzi aż chcesz tam wyruszyć z marszu. No i ta zieleń…Sama zobaczyłabym pola ryżowe, nigdy nie widziałam! 🙂
Jakie świetne spojrzenie z trzech różnych stron na jedno miejsce! Pierwsze spojrzenie niestety smutne, ale tak to już jest przy “boomach”, ten negatywny wpływ turystyki. :/ Smutne i niestety często widoczne w różnych zakątkach świata. Dobrze, że coraz więcej ludzi “wchodzi” w propagowanie turystyki zrównoważonej. Ale fajnie, ze jednak da się odnaleźć w Sa Pie (nie wiem, dobrze odmieniam? :D) coś pięknego i urokliwego! 🙂
Dzięki! Tak, to prawda, Sa Pa nie jest jedynym przykładem szybko rozwijającego się miasteczka, które nie radzi sobie z napływem pieniędzy i turystów. Ale może uda im się niedługo nadrobić. Miejmy nadzieję, bo krajobraz mają jeden z najpięknieszych w Azji!
Ech, turystyczny boom. Zawsze staram się być daleka od oceniania tego, bo faktycznie – wszystkie te hotele i sklepy pod turystów, bez ładu i składu, potrafią zepsuć całą atmosferę miejsca, a wręcz je oszpecić. Tylko czy możemy zabronić miejscowym chcieć wykorzystać ten boom i zarabiać lepsze pieniądze, które mogą wykorzystać np. na edukację dzieci? Pytanie tylko czy ten boom się zaraz (za kilkanaście lat?) nie skończy i wtedy okolica zostanie z tymi okropnymi pułapkami dla turystów?