Há sítios que, não sendo interessantes, ainda nos prendem a eles. Sítios onde não há o sentimento de perda de tempo apesar de nada se fazer. Quando se viaja é normal cair-se na armadilha da constante procura por atracções e coisas novas para ver para ter mais um visto assinalado ou marcar mais um ponto na lista de coisas visitadas. Battambang é perfeito nesse sentido pois há pouco para ver. Nem me lembro ao certo quantos dias lá ficamos. O tempo escorreu por entre os meus dedos mas depois de uma intensa visita a Siem Reap, era o que precisávamos. Um sítio desinteressante e ao mesmo tempo agradável.
Battambang é uma cidade pequena com cerca de 200 mil habitantes. A sua atracção principal é o mercado central Psar Nat, supostamente construído num estilo Art Deco mas na verdade parece-se com muitos outros mercados na Ásia: sujo, sobre-lotado, com um mau cheiro intenso mas conseguindo ao mesmo tempo ser atractivo. A cidade tem também alguns edifícios da era colonial ao longo do rio e no centro. Procurei bastante por eles pois na sua grande maioria encontram-se em mau estado e negligenciados o que torna difíceis de encontrar. Mesmo assim acho que constituem um elemento europeu interessante da cidade. A sul do mercado, há alguns bares com um ambiente mochileiro descontraído. Podem procurar por uma loja/ restaurante chamada Coconut Water, criada por uma ONG com o mesmo nome que ajudam as comunidades locais que vivem no campo. Na loja podem comprar alguns artigos feitos à mão assim como roupas e no andar de cima há um bar e restaurante com algumas camas de rede para se relaxar. Se tiverem sorte, podem encontrar um empregado com um talento especial para a música que vos cantará certamente a sua própria versão da música de Scott Mckenzie If you’re going to Battambang…
Em Battambang podem andar pela cidade, tranquilos, comer num dos muitos restaurantes e apreciar a vida do comum Cambojano numa cidade pequena e charmosa. Pela noite podem ir até um dos bares de backpackers e meter conversa com os donos ou outros viajantes. Foi isso que gostámos mais em Battambang: a mistura do estilo de vida europeu relaxado e o autêntico dia-a-dia Cambojano.
Para aqueles que mesmo assim querem ver algo novo, há um par de sítios fora da cidade. A cerca de 12 km de Battambamg podem encontrar a vila de Phnom Sampeau. No topo da colina encontram uma Killing Cave onde os inimigos do regime Khmer Vermelho eram assassinados, um templo pequeno e algumas esculturas. Do outro lado encontram outro templo com um miradouro excelente com vistas para os campos e colinas ali em redor. No miradouro há alguns macacos domesticados à espera dos restos de comida dos turistas. Recomendo irem de mota pois a subida pode ser cansativa, especialmente com calor e debaixo de sol.
Alguns kms mais adiante há outro templo muito interessante, Banan. Dizem que este templo serviu de protótipo para os templos em Angkor e na verdade percebem-se as semelhanças. Precisam subir a imensa escadaria para lá chegar e desta vez tem mesmo de ficar cansados. No topo encontram 5 torres construídas da mesma maneira que Angkor. O bilhete custa 3 dólares e inclui a visita a Phnom Sampeau.
Se tem um dia para fazer esta viagem recomendo que aluguem uma mota e vão aos dois. Comecem por Banan e depois sigam por uma estrada estreita e rodeada de arrozais até Phnom Sapeau. Ali visitem o templo e a caverna e por volta das 5 da tarde perguntem aos locais pelo melhor sítio para verem os morcegos a voarem para fora das cavernas. Nós não tivemos tempos para assistir a isto mas ouvimos dizer que vale a pena.
Para além das duas vilas que mencionamos, a alguns kms de Battambang podem dar uma volta num Comboio de Bambu. É turístico mas divertido e vale bem a pena.
Se procuram por templos espectaculares e uma cidade lindíssima não vão a Battambang. Se forem, não tenham as vossas expectativas muito elevadas. É uma cidade calma onde encontrarão um pedaço de Camboja autêntico e um pouco daquele feeling tranquilo europeu.
Magda