Evita autoestradas! Estrada N-634, Espanha

Há dois tipos de pessoas no mundo. Há aqueles que preferem conduzir o carro por autoestradas impecáveis a velocidades acima dos 130km/h, meter a mão fora da janela e fazer uma onda, ir sempre em frente e chegar o mais rapidamente ao seu destino. Depois há aqueles que são adeptos de estradas secundárias com vistas interessantes, um pouco esburacadas, por vezes estreitas onde é necessário estar sempre atento ao mapa para não se perderem e conduzem pelo menos a metade da velocidade do que se fossem pela auto-estrada. Nós pertencemos ao segundo grupo. Graças a isso percorremos a incrivelmente bonita N-634 no norte de Espanha. Escolhemos esta estrada à saída de Santiago de Compostela em vez de entrarmos na A-6 em direcção à Corunha. A primeira parte ao atravessar Castela e Leão, ainda longe da costa, é quase plana apenas com algumas pequenas elevações. Um pouco mais adiante, ao chegar  região das Astúrias, entre as pequenas casas de aldeia pode-se avistar o mar azul escuro.

A nossa primeira paragem foi na Praia das Catedrais. Estava frio e muito ventoso mas solarengo. Como chegamos lá com a maré cheia não nos foi possível descer até à praia. Tivemos de ficar pela falésia. Curiosamente, esta praia tem um aspecto completamente diferente quando está maré baixa e é possível descer até à praia, caminhar por entre os rochedos, passar debaixo dos arcos naturais e entrar em algumas cavernas. No entanto, durante a maré cheia, especialmente quando o vento é forte, a praia está totalmente inundada e a vista da a falésia é um pouco assustadora com todos os sinais a advertirem para o perigo a somarem ao receio de uma queda.

Continuando, fizemos um pequeno desvio pois reparámos que haveria um grande estuário do rio Eo perto de Ribadeo. Seguir pela N-634 significaria que teríamos que circundar todo o estuário e fazer alguns quilómetros extra. Decidimos entrar por breves instantes na A-8 e atravessar uma ponte nova que é também a fronteira entre a Galiza e as Astúrias. Paramos no final desta ponte para fazer algumas fotos do estuário e do mar. Uns quilómetros mais adiante regressámos à “nossa” N-634 e evitamos portagens.

A próxima vila na praia onde paramos foi Luarca, um porto piscatório situado numa baía com casas perto da água e pela encosta acima. Encantadoramente calmo. Muitos barcos coloridos a flutuar mesmo junto ao centro e um miradouro excepcional no topo, ao pé do cemitério local. Fenomenal.

Nem 30 quilometros mais à frente, depois de termos virado para a ainda mais pequena N-632 paramos noutra vila piscatória, Cudillero, parecida com Luarca mas ainda mais apertada entre os montes que a rodeiam. Na vila propriamente dita é proibido estacionar, provavelmente porque mesmo a estrada principal é tão estreita que dificilmente passam dois carros em sentidos opostos. A baía é muito graciosa rodeada de casas coloridas. Os restaurantes eram todos caríssimos e quando escolhemos um pequeno café para comer umas tapas o serviço rude e desprezível com que fomos atendidos fez-nos dar meia volta e sair pela porta fora. Provavelmente estão mal habituados pelo turistas ricos durante a época alta e dois mochileiros num dia cinzento em Maio não serão tão atractivos para eles…

A primeira noite depois de Santiago de Compostela foi em Oviedo. Visitamos a cidade e no dia seguinte subimos o monte Naranco.

De Oviedo continuámos pela N-634, desta feita mais pelo interior. Atravessamos Cangas de Onis e como queríamos ir até Covadonga acabamos por não parar. Passeamos de carro na parte mais reconhecida, em frente da ponte conhecida por ser uma ponte romana, dado incorrecto visto tratar-se de uma ponte construída no séc. XIV.

Um pouco à frente, na fronteira da entrada para o parque nacional dos picos da Europa, o maior parque nacional Europeu, estava Covadonga, conhecida pela batalha de Covadonga em 772. A batalha é um símbolo do início da reconquista espanhola aos Mouros. Na vila, podem encontrar a histórica basílica, a mítica caverna, um museu, a estátua e o túmulo do herói Asturiano e Espanhol da batalha de Covadonga, Pelayo. como relata a lenda, a virgem Maria ajudou Pelayo a vencer aos Mouros atirando uma chuva de rochas aos inimigos.

O tempo não estava bom novamente. Estava chuvoso e enevoado e estávamos tão próximo do parque. Sabíamos que teríamos que deixar a nossa caminhada pelas montanhas para outra altura. Subimos de carro o mais que pudemos pela rua Co-4 até chegarmos a dois lagos: Enol e Ercina. Ainda chovia e as vistas estavam cobertas por nevoeiro. Descemos e voltamos à N-634, que por esta altura estava marcada de E70. Até Bilbao não paramos mais. Tínhamos o nosso anfitrião à espera e o tempo estava terrível.

A saída de Bilbao, andamos um pouco para trás em direcção ao mar Cantábrico para podermos ver a ponte de Vizcaya, conhecida como a puente colgante que significa literalmente a ponte pendurada. Pendurada porque funciona como uma gondola pendurada numa série de cabos que transporta carros e pessoas de um lado para o outro do do rio Nervión. A ponte é considerada como património mundial da Unesco.

Aqui deixamos a N-634 novamente para seguir até à costa e visitar a ermita de San Juan de Gaztelugatxe. Está situada numa pequena ilha ligada a terra apenas por um corredor de escadas tal qual uma mini muralha da China. O tempo não permitiu grandes caminhadas pelo que não fomos até la abaixo. As vistas sobre as rochas e as ondas a rebentarem na praia é fenomenal.

                                                                          

Acabamos a nossa tour nesta mais que recomendável estrada em San Sebastian. Passamos 5 dias a percorre-la e sabemos que vimos apenas uma fracção de tudo que tem para oferecer. Acredito que entre 7 a 10 dias seja o ideal para se ficar a conhecer tudo o que há de relevo. Havia no entanto mais Europa pela frente à nossa espera.

Mais fotos da Espanha aqui.

Hotéis em Espanha aqui.

Magda